
A Lei 15.270/2025 amplia a isenção para rendas menores e cria uma nova cobrança para quem recebe acima de R$ 600 mil ao ano. Entender a alíquota progressiva e seus efeitos ajuda contribuintes de alta renda a ajustarem estratégias fiscais para 2026.
A ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais só foi possível por um movimento paralelo: a criação de uma cobrança adicional para contribuintes com rendimentos anuais acima de R$ 600 mil. Essa compensação fiscal faz parte da proposta do governo de modernizar a tabela e redistribuir o peso tributário sem comprometer o equilíbrio das contas públicas.
Na prática, quem se encontra nessa faixa passa a ser tributado por meio de uma alíquota progressiva IR, chegando a uma taxa máxima de 10%. Essa cobrança, porém, não afeta todos os contribuintes de maneira igual. Muitos já pagam esse percentual — ou mais — considerando sua carga tributária total, e por isso não sentirão impacto direto.
Quem será afetado pela tributação acima de R$ 600 mil anuais
A cobrança se aplica a indivíduos cuja soma de rendimentos tributáveis ultrapassa o equivalente a R$ 50 mil mensais. Incluem-se nessa categoria:
- profissionais liberais de alta renda (médicos, advogados, consultores, engenheiros etc.);
- executivos com remuneração variável significativa;
- investidores que recebem rendimentos tributáveis expressivos;
- empresários que não distribuem lucros isentos ou que possuem rendimentos adicionais fora da atividade empresarial.
É importante destacar que não entram nessa conta rendimentos isentos, como aplicações específicas, poupança, heranças, indenizações e aposentadorias em condições especiais. A análise considera somente rendimentos tributáveis.
Como funciona a alíquota progressiva aplicada às altas rendas
A estrutura definida pela lei segue um modelo de taxação gradual. À medida que os rendimentos aumentam, a alíquota aplicável cresce até atingir o teto de 10%. Esse formato busca aproximar o Brasil de práticas já adotadas em outros países, onde contribuintes de maior renda contribuem proporcionalmente mais para o financiamento das políticas públicas.
Para quem já pagava alíquotas equivalentes, a mudança não traz impacto. Isso ocorre porque muitos contribuintes nessa faixa possuem estrutura tributária complexa, com retenções antecipadas, deduções específicas e regimes financeiros que já os colocam em patamar semelhante ao novo teto.
Exemplos numéricos que ajudam a visualizar o impacto real
Imagine um contribuinte que recebe R$ 700 mil ao ano em rendimentos tributáveis. Antes da mudança, considerando a alíquota máxima padrão do IRPF e as deduções usuais, ele já tinha uma carga consolidada próxima do novo teto.
Com a tributação acima de 600 mil, apenas a diferença entre o limite e o valor excedente entra na base para cálculo adicional. Supondo que a alíquota efetiva aplicável seja de 10%, o adicional em seu imposto pode ser relativamente pequeno. Em números simplificados:
- Rendimento anual: R$ 700.000
- Excedente sobre o limite: R$ 100.000
- Alíquota progressiva estimada: 10%
- Imposto adicional aproximado: R$ 10.000 ao ano
Agora considere um contribuinte que recebe R$ 950 mil anuais. O impacto cresce, mas segue dentro do limite estabelecido. Muitos, inclusive, já recolhem valores equivalentes ao novo percentual, o que neutraliza a diferença.
Esses cenários mostram que a mudança não representa uma tributação agressiva ou desproporcional. Ela foi desenhada para equilibrar a perda de arrecadação decorrente da nova isenção sem penalizar de modo excessivo quem está no topo da pirâmide de rendimentos.
Por que a mudança não afeta quem já paga 10% ou mais em carga efetiva
A ideia central da Lei 15.270 é redistribuir o peso tributário. A ampliação da isenção exigiria compensação, e o governo não queria criar aumento de carga sobre empresas ou faixas intermediárias. Por isso, o ajuste foi direcionado aos rendimentos mais elevados — ainda assim, com limites, evitando distorções.
Muitos contribuintes dessa faixa já enfrentam:
- retenções maiores em contratos de prestação de serviços;
- tributações acumuladas por fontes pagadoras distintas;
- alíquotas efetivas acima dos 10%, considerando as demais faixas do IR e o volume de rendimentos.
Por isso, parte significativa do público afetado não sentirá impacto. O efeito real ocorre em perfis com estrutura tributária simplificada, poucas deduções e rendimentos concentrados em uma única fonte.
Como a taxação sobre altas rendas equilibra a nova isenção
A lógica por trás da lei é simples: ampliar a justiça fiscal sem comprometer o orçamento público. A isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais reduz a carga para mais de 15 milhões de brasileiros, especialmente famílias de baixa e média renda. Essa redução, porém, retiraria recursos importantes dos cofres públicos.
Ao direcionar a compensação para rendimentos acima de R$ 600 mil anuais, a lei busca preservar serviços essenciais enquanto reduz desigualdades internas do sistema tributário. É uma reestruturação que moderniza a tabela e aproxima o país de padrões internacionais de progressividade.
Por que contribuintes dessa faixa devem revisar a estratégia fiscal para 2026
A implementação da nova regra pede atenção redobrada. Quem recebe rendimentos altos deve revisar sua estratégia no início de 2026, considerando:
- distribuição de lucros versus pró-labore;
- deduções legais aplicáveis;
- eventuais reorganizações societárias;
- fontes distintas de rendimentos;
- aplicações financeiras e retenções antecipadas;
- previsões anuais de movimentação.
Pequenos ajustes na estrutura tributária podem reduzir significativamente o impacto da alíquota progressiva, mantendo a carga dentro do que é legal, eficiente e alinhado aos objetivos do contribuinte.
Mesmo para quem já paga alíquota efetiva equivalente, a revisão é importante. O cenário fiscal do país está mudando, e estratégias antigas podem não entregar o mesmo resultado.
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